domingo, 19 de fevereiro de 2012

Introdução


A proposta dos círculos de leitura é criar momentos no cotidiano escolar em que todos param para ler e depois comentam a leitura com os colegas que leram o mesmo livro e posteriormente com toda a sala. Essa proposta, apresentada por Harvey Daniels, um especialista norte-americano em formação de leitores, se estrutura da seguinte forma:

1. Os alunos escolhem o que irão ler.
2. Pequenos grupos temporários são formados de acordo com a escolha do livro que cada aluno fez.
3. Diferentes grupos leem diferentes livros.
4. Os grupos se reúnem de forma regular e pré-planejada para discutir as leituras que estão realizando.
5. As crianças escrevem ou desenham notas para guiar tanto a leitura como a discussão.
6. Os tópicos da discussão são levantados pelos próprios alunos.
7. Os encontros do grupo devem funcionar como reais conversas entre leitores, portanto, apresentação de pontos de vista pessoais, questionamento sobre pontos da história que permitem várias interpretações e digressões são práticas bem vindas.
8. O professor funciona como facilitador, e não como instrutor.
9. A avaliação é feita da observação do professor e da autoavaliação realizada pelos alunos.
10. O prazer de ler e compartilhar impressões sobre livros deve dar o tom dos encontros.
11. Quando a leitura do livro lido pelo grupo acaba, as crianças compartilham com toda a sala os pontos altos dessa leitura e, com isso, novos grupos são formados.

Objetivos
- Ampliar o repertório literário;
- Interagir com o livro de maneira prazerosa, reconhecendo-o como uma fonte de múltiplas informações e entretenimento;
- Compartilhar experiências leitoras;
- Estabelecer relações com outros livros, outras épocas/lugares e autores diferentes.
- Confrontar interpretações e saber articular argumentos que sustentem seu ponto de vista;
- Engajar-se em discussões sobre leituras realizadas, levando em conta o ponto de vista dos colegas e usando as questões trazidas por eles para rever suas próprias ideias e impressões.

Conteúdos
- Valorizar a leitura como uma fonte de prazer e entretenimento.
- Interesse por compartilhar opiniões, ideias e preferências acerca dos livros lidos.
- Desenvolver estratégias de argumentação para defender ideias e pontos de vista sobre os livros lidos.
- Desenvolver procedimentos do leitor, como estabelecer relações entre o livro que se está lendo e outros livros conhecidos ou acontecimentos vividos, selecionar passagens preferidas, pensar em outros desfechos possíveis, levantar hipóteses para explicar a motivação por traz de atos dos personagens etc.

Anos
Do 3º ao 5º ano

Tempo estimado
Cada círculo de leitura leva em torno de um mês para ser realizado, o ideal é que o trabalho se repita algumas vezes para que cada criança tenha a oportunidade de explorar a leitura de alguns títulos no contexto privilegiado que o círculo de leitura proporciona.

Material necessário
Diversos títulos de livros, cada um com vários exemplares, e cartolina.

Flexibilização para deficiente visual
Peça ao AEE que providencie títulos em braile e áudio.

Desenvolvimento

1ª etapa
Apresentação da ideia de trabalhar com círculos de leitura, trazendo crianças ou adultos leitores para dar um depoimento sobre seus livros preferidos.

Flexibilização para deficiente visual


Marque sempre o início dessa atividade com um som (o toque de um sino, por exemplo) para ritualizar e facilitar a antecipação do aluno.

2ª etapa
Providencie uma ampla gama de bons livros e convide as crianças a escolher um livro que desejam ler. Com base nessas escolhas, forme grupos de quatro ou cinco crianças que queiram ler o mesmo título. Isso levará alguns minutos de negociação.

Flexibilização para deficiente visual
O aluno, conforme seu domínio do braile, pode ler apenas o título dos livros em braile e escolher um para ouvir, utilizando fone de ouvido e fazendo parte de um grupo.

3ª etapa
Discuta coletivamente o que as crianças acham que vale a pena anotar , retomando o depoimento do leitor que elas tiveram a oportunidade de ouvir, registrar as ideias das crianças e, se necessário, chamar a atenção para outras possibilidades (sentimentos, relações, palavras sobre as quais se tem dúvida, trechos que se deseja guardar, questionamentos, comentários, relações entre a história e a vida delas; perguntas que vierem à mente; como imaginam determinada cena; técnicas do autor, boas ideias ao longo da escrita; palavras interessantes etc.).

Flexibilização para deficiente visual
Organize o espaço da atividade, peça que um colega o conduza até lá e explique, individualmente, o que será feito nessa atividade.

4ª etapa
Peça que o grupo combine a leitura do trecho inicial (que possa ser lido em 20 ou 30 minutos).

5ª etapa
Quando todos terminarem a leitura e fizerem suas anotações, convide os grupos a conversar sobre o que leram, compartilhando suas anotações (por dez a 15 minutos).

Flexibilização para deficiente visual
Organize um grupo que favoreça sua participação oral. Para que ele perceba qual colega do grupo está falando e tenha sua vez de participar, dê-lhe um objeto que simbolize um microfone, aquele que estiver falando o utiliza e eles vão lhe avisando quem está com o microfone.

6ª etapa
Durante as conversações, visite cada um dos grupos, como um observador. Anote exemplos e comentários para compartilhar na discussão geral.

7ª etapa
Terminado esse momento de troca intergrupos, organize a sala num grupo só e fale sobre os livros. Peça que cada grupo dê um exemplo, conte algo interessante que foi compartilhado durante a conversa após a leitura. Depois reflita com as crianças sobre o processo de conversar a respeito da leitura, listando os procedimentos que ajudaram a discussão. Organize essas informações num cartaz.

Flexibilização para deficiente visual
Peça ao aluno que conte para a classe o enredo ou outras características da história em áudio. Isso pode provocar uma interessante comparação entre um mesmo livro em duas linguagens.

8ª etapa
Peça que os grupos decidam por um novo trecho do grupo para o próximo encontro.

Avaliação
Para avaliar se o trabalho com o projeto está cumprindo seus objetivos de aprendizagem, observe se as crianças:

- Demonstram interesse em participar dos círculos de leitura.
- Compartilham suas anotações sobre o livro que estão lendo, sabendo que é possível falar dos sentimentos que a leitura despertou, das relações que estabeleceram com outros livros e outras situações, perguntar sobre palavras sobre as quais se tem dúvida, mostrar trechos preferidos, levantar questões sobre a história, fazer comentários sobre as ações dos personagens, contar como imaginam determinada cena etc.

Acompanhe os grupos (círculos de leitura), anotando questões para discutir no coletivo a fim de ampliar o rol de procedimentos e relações que as crianças põem em ação durante a leitura.


Ler para escrever

Bons leitores são bons escritores? Nem sempre. Para enfrentar o desafio da escrita, é preciso investigar as soluções de autores reconhecidos



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Todo mundo já ouviu (e provavelmente também já repetiu) a noção de que, para escrever bem, é preciso ler bem. À primeira vista, parece um princípio básico e indiscutível do ensino da Língua Portuguesa. Tanto que a opção de nove entre dez professores tem sido propor aos alunos a tarefa. Ler muito, ler de tudo, na esperança de que os textos automaticamente melhorem de qualidade. E, muitas vezes, a garotada de fato devora página atrás de página, mas - pense um pouco no exemplo de sua classe - a tal evolução simplesmente não aparece. Por que será?

Antes de mais nada, ninguém aqui vai defender que não se deva dar livros às crianças. A leitura diária é, sim, uma necessidade para o letramento. Mas ler para escrever bem exige outra pergunta: de qual leitura estamos falando? Para fazer avançar a escrita, a prática não pode ser um ato descompromissado, sem foco. Pelo contrário: exige intenção e um encadeamento bem definido de atividades, que tenham como principal objetivo mostrar como redigir textos específicos.

"A leitura para escrever é um momento especial, que coloca os estudantes numa posição de leitor diferente da que usualmente ocupam. Afinal, a tarefa deles será encontrar aspectos do texto que auxiliem a resolver seus próprios problemas de escrita", afirma Débora Rana, psicóloga e formadora de professores do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.

É um trabalho que destaca a forma - estamos falando de intenção comunicativa e estilo, portanto -, tema relacionado a inquietações que tiram o sono de muitos docentes: por que as composições dos alunos têm tão poucas linhas? Por que eles não conseguem transmitir emoção ou humor? Por que as descrições de lugares e personagens não trazem detalhes?

Trechos de contos trazem ótimas sugestões para os textos

A ideia do trabalho é analisar os efeitos e o impacto que cada obra causa em quem as lê. Sensações, claro, são subjetivas, variando de pessoa para pessoa. Mas, quando lê diversos textos bons, com expressões e características recorrentes, a turma consegue, pouco a pouco, entender que é a linguagem que gera os tais efeitos que tanto nos comovem ou divertem. Nesse sentido, o conto, um dos tipos de texto mais usuais nas classes de 3º a 5º ano, oferece excelentes recursos para enriquecer produções de gêneros literários.

Cabe ao professor, no papel de leitor mais experiente, compartilhar com a turma as principais preciosidades, iluminando onde está o "ouro" de cada obra. Abaixo, listamos alguns dos principais pontos a ser observados e trabalhados nos textos da garotada. Também elencamos exemplos de como os contos podem ajudar a melhorá-los.

Linguagem e expressões características de cada gênero. Cada tipo de texto tem uma forma específica de dizer determinadas coisas. "Era uma vez", por exemplo, é certamente a forma mais tradicional de dar início a um conto de fadas (note que ela não seria adequada para uma composição informativa ou instrucional). Além de colaborar para que a turma identifique essas construções, a leitura de contos clássicos pode municiá-la de alternativas para fugir do lugar-comum. O Príncipe-Rã ou Henrique de Ferro, na versão dos Irmãos Grimm, começa assim: "Num tempo que já se foi, quando ainda aconteciam encantamentos, viveu um rei que tinha uma porção de filhas, todas lindas".

Descrição psicológica. Trazendo elementos importantes para a compreensão da trama, a explicitação de intenções e estados mentais ajuda a construir as imagens de cada um dos personagens, aproximando-os ou afastando-os do leitor. Em O Soldadinho de Chumbo, Hans Christian Andersen desvela em poucas linhas os traços da personalidade tímida, amorosa e respeitosa do protagonista: "O soldadinho olhou para a bailarina, ainda mais apaixonado: ela olhou para ele, mas não trocaram palavra alguma. Ele desejava conversar, mas não ousava. Sentia-se feliz apenas por estar novamente perto dela e poder contemplá-la".

Descrição de cenários. O detalhamento do ambiente em que se passa a ação é importante não apenas para trazer o leitor "para dentro" do texto mas também para, dependendo da intenção do autor, transmitir uma atmosfera de mistério, medo, alegria, encantamento etc. Em O Patinho Feio, Andersen retrata a tranquilidade do ninho das aves: "Um cantinho bem protegido no meio da folhagem, perto do rio que contornava o velho castelo. Mais adiante estendiam-se o bosque e um lindo jardim florido. Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia pacientemente seus ovos".

Ritmo. É possível controlar a velocidade da história usando expressões que indiquem a intensidade da passagem do tempo ("vagarosamente", "após longa espera", "de repente", "num estalo" etc.). Outros recursos mais sofisticados são recorrer a flashbacks ou divagações dos personagens (para retardar a história) ou enfileirar uma ação atrás da outra (para acelerar). Charles Perrault combina construções temporais e encadeamento de fatos para gerar um clima agitado e tenso neste trecho de Chapeuzinho Vermelho: "O lobo lançou-se sobre a boa mulher e a devorou num segundo, pois fazia mais de três dias que não comia. Em seguida, fechou a porta e se deitou na cama".

Caracterização dos personagens. Mais do que apelar para a descrição do tipo lista ("era feio, medroso e mal-humorado"), feita geralmente por um narrador que não participa da ação, que tal incentivar a garotada a explorar diálogos para mostrar os principais traços dos personagens? Nesse aspecto, a pontuação e o uso preciso de verbos declarativos e de marcas da oralidade (leia a reportagem O papel das letras na interação social) exercem papel fundamental. Neste trecho de Rumpelstichen, os Irmãos Grimm dão voz à protagonista para que ela se lamente:

"- Ah! - respondeu a moça entre soluços. - O rei me mandou fiar toda esta palha de ouro. Não sei como fazer isso!"

Para terminar, um último e imprescindível lembrete: você pode ter colocado a turma para ler e ter direcionado adequadamente a atividade para melhorar a qualidade dos textos, mas o trabalho não para por aí. Nada disso adianta se o estudante não tiver a oportunidade - mais até, a obrigação - de pôr o conhecimento em prática. Ainda que a leitura seja essencial para impulsionar a escrita, não se desenvolve o comportamento de escritor sem enfrentar, na pele, os complexos desafios do escrever.

Quer saber mais?


Volta às aulas – Integração dos Alunos


O ano letivo já começou nas escolas particulares e está para iniciar nas escolas públicas. O fato é que o mês de Fevereiro é focado em dois grandes objetivos: Integração dos Alunos e Avaliação Diagnóstica. Neste artigo vamos nos ater ao primeiro objetivo: Integração dos Alunos.

As crianças e jovens ficam muito apreensivos no retorno das aulas, pois há um sem número de situações que terão que enfrentar, é um misto de expectativas boas e ao mesmo tempo um medo do desconhecido, afinal são novos Professores, novos amigos, nova escola, como serão recebidos? Será que vão gostar ? Inquietações estas que o Professor deve estar atento na volta às aulas.

Por isso, nem pense em já ir entrando na sala de aula enchendo o quadro negro de tarefas, pedindo trabalhos, marcando provas, cobrando isso, cobrando aquilo, enfim, você já será vista como a “ chata da hora” .

Lembre-se, as crianças e jovens, precisam inicialmente de um certo espaço para se expressarem, interagirem, conhecerem o “ novo território”, conhecer você, os novos amigos, a nova escola. Afinal, eles ficaram praticamente quase dois meses de férias, fazendo um sem número de coisas e agora querem compartilhar, precisam disso. Então use esta necessidade de compartilhar ao seu favor, aproveitando para fazer com que todos possam se conhecer melhor e já criar laços de amizade.

Aqui vão algumas dicas simples, separadas por estágios:

- Educação Fundamental

Tanto no Fundamental I quanto no Fundamental II as crianças e jovens esperam que os amigos venham chamá-la para brincar ou conversar. Os mais “ descolados” tomam a iniciativa até porque já conhecem quase todo mundo, porém aqueles alunos que vieram de outras escolas sentem-se deslocados, apreensivos e inseguros de abordar esse monte de “estranhos”.

Ao Professor cabe a tarefa de criar várias atividades, sempre coletivas, em forma de gincanas, desafios, jogos, brincadeiras, para quebrar o gelo do grupo.

Outro modo muito eficaz é selecionar dois alunos, para serem os guias desses novos alunos dentro do ambiente escolar, ficando assim incumbidos de mostrar onde é a cantina, os banheiros, o laboratório, enfim todas as dependências da escola, além de ajudar a enturmá-lo no grupo. Assim, cada dois alunos antigos ficam incumbidos de um aluno novo durante um dia, depois faz-se o revezamento passando esse aluno novo, para outra dupla de alunos antigos, até que os alunos novos tenham ficado com todos os alunos antigos.